terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ela.

Aí eu abri uma porta. Com a camisa do Grêmio amassada, suado, descabelado de tanta trabalho, estressado com problemas no trabalho, com pressa de acabar tudo logo. E aí eu abri uma porta.

Ela.

Ela com uma camisa de manga comprida listrada em preto e branco, descabelada da chuva que pegou, um óculos um pouco grande pro rosto, tímida pela situação, abandonada, sozinha, frágil.

Na hora eu já sabia que ela seria minha. E ela seria minha mesmo se gostasse de outro, se namorasse, se fosse casada ou divorciada. Ela seria minha. Eu sabia. Por saber disso eu não soube o que falar. Se tem uma coisa que deixa um homem sem jeito é a certeza de que a partir daquele momento ele não vai ter total controle de uma situação. É saber que o próximo passo vai te levar pra um terreno que não é tão sólido.

Eu segui em frente e sei que não existe amor maior do mundo em 2 meses, mas existe amor em 2 meses. Vamos nos ajustando, apagando pequenas coisas, resolvendo antigas pendências, vamos nos conhecendo. Dois meses que são seis. Mas a certeza é que parece que a cada dia eu me apaixono de novo, cada dia eu me encanto por coisas novas. O olho, o nariz, as costas, a boca, o pescoço, o braço, a mão, não existe um só pedaço que eu não goste cada dia mais.


Lembro um dia que eu fiz de tudo pra vê-lá. Fiquei 2 minutos com ela e fui embora pra um lugar e ela foi pra outro. Eu senti inveja de quem podia estar perto dela. Pra mim, naquela noite, ela era a mulher mais linda de toda a cidade. Até hoje eu penso nisso todos os dias quando olho pra ela: é a mulher mais linda de toda a cidade.

A cada manhã eu abro aquela porta e passo por tudo aquilo de novo. Todo dia eu fico sem graça, todo dia eu fico feliz, todo dia eu fico encantado, todo dia eu gosto mais.

Aí eu fecho a porta e nós vamos pra casa. Juntos. Pra mesma casa. Pra "nossa" casa.

Hoje eu tenho o amor maior do mundo. E fico feliz em abrir aquela porta todo dia.

Por ela.

Ela.

A honra de um homem não se compra

Eu namorava uma amiga de infância. Desde pequeno estávamos juntos. No colégio ajudei com os estudos, na formação. Nos formamos juntos. Íamos crescendo e o nosso amor também. O potencial dessa relação era lindo, todos víamos como eramos um casal feliz.

Fomos crescendo e começaram a olhar mais pra Rose. Aos poucos o assedio dos outros homens foi ficando enorme, mas eu nunca iria desconfiar dela. Eu cresci com a minha namoranda, conhecia a cabeça dela, o carater, Rose jamais iria me trair!

Confiança é uma coisa incrível. Faz você fechar os olhos e não perceber as coisas ao seu redor. Meu amor por ela só crescia, e Rose vivia dizendo que "não, meu amor. eu faço qualquer coisa por você, nunca iria te trair, virar as costas pra você". Ouvir o que se quer da mulher que se ama. Essa equação te faz esquecer qualquer desconfiança.

Por longos 6 meses Rose tinha a necessidade de provar o seu amor todo dia, falando cada vez mais que me amava e que nunca iria me trair.

Um belo dia abro o jornal e vejo uma foto da minha namorada com outro. SE CASANDO!
Rose, a minha Rose, que eu tanto conhecia... estava de caso com um empresário rica da europa. Seis longos meses me enganando. "não, meu amor. eu nunca vou te deixar..."

E assim Rose se foi. E eu fiquei aqui, sozinho, remoendo a dor. Cada notícia da minha ex me machucava de uma maneira que não acreditava. Depois de um tempo o que era tristeza se transformou em ódio. Só de ouvir falar na Rose a minha pele já arrepiava e meus olhos saltavam fogo.

Por dez anos a maldita da minha ex morou nas melhores casas da Europa. Paris, Barcelona, Milão, o MUNDO estava aos seus pés. E eu aqui, morando no mesmo bairro de sempre, acompanhando as notícias. Depois de aproveitar a vida, obviamente, o velho rico empresário se cansou de Rose. Ela já não era tão jovem assim, tão bonita, tão talentosa, não chamava atenção. Claro que o empresário iria se cansar dela.

Quando menos espero, eu que já tinha superado, recebo a notícia: Rose quer voltar ao Brasil. "Só o que me faltava. Agora essa mulher vai voltar". Rose cansada, vivendo das sobras do dinheiro que tinha, sem ambições, com o rosto enrugado, a pele secando, o peito caindo... iria voltar pro Brasil!

Se oferecendo, me ligando, fazendo juras de amor que eu acreditei há 10 anos atrás. As mesmas juras de amor! "Você significa muito para mim, eu sempre te amei. mesmo de longe sempre pensava em você, em nós dois". Pra quem não ama é sempre é muito fácil falar que ama, não se tem nada a perder.

O que posso falar é que a honra de um homem não se compra. Não me importa se Rose foi o maior amor da minha vida, não me importa se ela era linda, não me importa nada que ela diga.

Eu não tenho vocação pra corno, eu não posso aceitar de volta a quem me fez tão mal. Aceitar a Rose de volta agora seria jogar no lixo tudo o que passei por longos dez anos, como se nada tivesse acontecido. Não é assim que se apaga uma dor. Tem que se bater de frente e eliminar da sua vida.

Eu eliminei Rose da minha vida. Só espero que ela não me engane de novo.

E assim é o Grêmio com o Ronaldinho. A honra de um clube não se compra. O Grêmio é muito maior que esse safado.