quarta-feira, 25 de maio de 2011

O dia em que o Felipe Melo mudou a minha vida.




Dia 25 de junho de 2010, Brasil x Portugal pela terceira rodada da 1º fase da Copa do Mundo da África do Sul.

Mas a minha história começa um pouco antes, exatamente no dia 11 de maio de 2010. Nesse dia o Dunga convocou a seleção para a Copa e o Brasil inteiro reclamou de Josúes, Júlios Baptistas, Grafites, Klébersons e... Felipes Melo. Mal sabia eu que um erro do treinador do Brasil iria alterar a minha vida quatro meses depois. Sim, porque se a seleção fosse melhor talvez eu não estaria aqui hoje.

Enquanto tudo se encaminhava para a África do Sul, entre maio e junho eu vivia uma espécie de hiato na minha (na verdade até outubro). Eu não estava mais com quem havia estado por muito tempo, eu não estava com ninguém novo que valesse a pena, na verdade eu não podia nem dizer que estava aproveitando por estar solteiro. Chega uma hora em que "aproveitar" não significa mais muita coisa na tua vida e tudo o que seria ótimo - porque convenhamos, ser solteiro em São Paulo é ótimo - perde um pouco o sentido.

Nesses meses eu foquei no trabalho, consegui passar de um peão que lutava para ter voz para um jovem coordenador que ainda não sabia muita coisa, mas que estava totalmente focado nisso. Chegava na agência 09h e voltava pra casa depois das 22h. Minha vida era basicamente essa. Tanto foco que no dia 11 de junho estava eu no Social Media Week, em plena Copa do Mundo e aí tudo parou para Brasil x Portugal.

O jogo passava no telão do teatro Frei Caneca, perto da minha casa, e quem assistiu um jogo do Brasil na Copa sabe que qualquer coisa era mais emocionante que ver o Felipe Melo fazendo besteira o tempo todo. Decidi ir dormir em casa. Entrei no Twitter - e naquela época entrar no Twitter era um ato, sem iPhone - e ví um RT engraçadinho de uma amiga minha. Aquela foto subiu no meu twitter como outras dezenas subiram, mas por algum motivo eu só fui ver o perfil dela. Eu tenho quase certeza que foi pelo ângulo da foto, pelo ôculos engraçado, por eu não conseguir definir o quanto aquela guria era linda, estranho e diferente ao mesmo. Uns 20 segundos depois descobri que além disso tudo ela era engraçada, crítica, mau humorada, frágil, triste, machucada, inteligente e linda, ela era linda e aquela foto estaria todo dia no meu Twitter. Eu queria que estivesse, talvez só pela foto. Ela me seguiu de volta, eu suspirei e a vida tomou o rumo de antes...

Talvez se o Felipe Melo não fosse convocado eu iria continuar a ver o jogo no telão, não iria pra casa, não entraria no Twitter, não iria ver nenhuma foto, não iria seguir ninguém, não iria suspirar e ter certeza de que aquela guria nunca iria olhar pra mim, mas que eu queria olhar pra ela.

Hoje eu vejo como uma série de pequenos detalhes que tinham tudo para não acontecer ou para dar errado foram importantes - e estranhos - nesse período de limbo na minha vida que foi da convocação da seleção, no dia 11 de maio, até o dia dia 18 de outubro. Tudo foi em uma linha muito fina em que nada do que aconteceu poderia ter acontecido. Mas aconteceu!

O Brasil perdeu, foi eliminado, eu dormi, me conformei em só olhar aquela guria, trabalhei, esqueci, trabalhei, trabalhei, trabalhei e trabalhei tanto que precisei de mais duas pessoas pra minha equipe.

A minha amiga que deu o RT no Twitter também me deu o currículo que foi a chave pra entrevista mais estranha e longa - embora tenha sido das mais curtas - da minha vida. A única entrevista em que eu não consegui olhar no olho, que eu não soube o que falar, o que fazer, a única entrevista em que eu soube que não comandava o rumo da conversa, talvez porque soubesse que a partir daquele momento eu não iria mais comandar nada sozinho na minha vida.

O erro do Felipe Melo mudou a minha vida. E hoje eu não poderia ser uma pessoa mais feliz pelo Brasil ter perdido a Copa, por aquele time ser horrível e, por isso, a minha vida ser linda hoje.

Uma porta que se fechou foi essencial para outra porta se abrir. E depois que eu abri essa porta, eu nunca mais vou fechar na minha vida.

Obrigado, Dunga. Obrigado, Danielle Cruz.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mãe

Esse não é um texto de dia das mães. É um texto do dia da mãe. Da minha mãe, Silvia Christina Pereira Marinho.

Infelizmente não posso dar um presente, a distância atrapalha tudo.

Durante a minha vida toda ela foi - e continua sendo - a imagem mais forte que eu tenho, a minha principal e talvez única referência de pessoa batalhadora, honesta, digna, inteligente, boa, forte e ótima mãe.

Lembro de quando eu era pequeno as noites que eu estraguei brigando com a minha irmã, os tapas que ela entrou na frente para que eu não apanhasse, a paciência pra me ensinar a amarrar o cadarço, a felicidade que era ir ao clube com ela no fim de semana, as pizzarias, as brincadeiras em que ela fingia que estava morta (que senso de humor...), e que depois de tudo, tendo brigado ou não, eu sempre só conseguia dormir com a mão no seu nariz.

Minha mãe, que um dia eu escrevi que a odiava em um papel e sei que ela guardou. Essas besteiras que a gente faz quando é adolescente. E mesmo assim ela estava lá para me apoiar em tudo o que eu fizesse, em todas as idiotices juvenis, nas decisões mais difíceis e nas mais estúpidas também.

Uma das minhas maiores felicidades da vida foi ir com ela no show do Paul McCartney e ver a minha mãe feliz como nunca havia visto.

Não passo um dia sem lembrar da voz, do cheiro, do olho, do abraço. Por mais que não saiba demonstrar, ela é a minha tábua de salvação, a única pessoa que eu tinha no mundo antes da Maria, a única que vai cuidar de mim independente do que acontecer, a única que vai me ouvir em qualquer momento da minha vida.

Graças a ela eu sou um homem hoje, responsável, que gosta de trabalhar, de estudar, honesto, que tenta fazer o bem, as coisas certas. Graças a ela eu suporto morar sozinho (ou não mais) nessa cidade horrível, graças ao sacrifício dela em renegar a própria vida para ajudar na dos seus filhos e ir para o Mato Grosso do Sul. Eu não sou nada ainda, mas graças ao exemplo da minha mãe eu quero crescer.

A minha mãe faz aniversário hoje e eu queria muito dar um abraço, um beijo e um presente. Mas mesmo com a distância de todos esses anos eu sei que ela nunca passou um dia sequer longe de mim.

Feliz aniversário, Mãe. Você é uma mulher especial, a médica mais apaixonada pelas crianças que eu já vi e a mãe mais incrível que existe.