terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ela.

Aí eu abri uma porta. Com a camisa do Grêmio amassada, suado, descabelado de tanta trabalho, estressado com problemas no trabalho, com pressa de acabar tudo logo. E aí eu abri uma porta.

Ela.

Ela com uma camisa de manga comprida listrada em preto e branco, descabelada da chuva que pegou, um óculos um pouco grande pro rosto, tímida pela situação, abandonada, sozinha, frágil.

Na hora eu já sabia que ela seria minha. E ela seria minha mesmo se gostasse de outro, se namorasse, se fosse casada ou divorciada. Ela seria minha. Eu sabia. Por saber disso eu não soube o que falar. Se tem uma coisa que deixa um homem sem jeito é a certeza de que a partir daquele momento ele não vai ter total controle de uma situação. É saber que o próximo passo vai te levar pra um terreno que não é tão sólido.

Eu segui em frente e sei que não existe amor maior do mundo em 2 meses, mas existe amor em 2 meses. Vamos nos ajustando, apagando pequenas coisas, resolvendo antigas pendências, vamos nos conhecendo. Dois meses que são seis. Mas a certeza é que parece que a cada dia eu me apaixono de novo, cada dia eu me encanto por coisas novas. O olho, o nariz, as costas, a boca, o pescoço, o braço, a mão, não existe um só pedaço que eu não goste cada dia mais.


Lembro um dia que eu fiz de tudo pra vê-lá. Fiquei 2 minutos com ela e fui embora pra um lugar e ela foi pra outro. Eu senti inveja de quem podia estar perto dela. Pra mim, naquela noite, ela era a mulher mais linda de toda a cidade. Até hoje eu penso nisso todos os dias quando olho pra ela: é a mulher mais linda de toda a cidade.

A cada manhã eu abro aquela porta e passo por tudo aquilo de novo. Todo dia eu fico sem graça, todo dia eu fico feliz, todo dia eu fico encantado, todo dia eu gosto mais.

Aí eu fecho a porta e nós vamos pra casa. Juntos. Pra mesma casa. Pra "nossa" casa.

Hoje eu tenho o amor maior do mundo. E fico feliz em abrir aquela porta todo dia.

Por ela.

Ela.

A honra de um homem não se compra

Eu namorava uma amiga de infância. Desde pequeno estávamos juntos. No colégio ajudei com os estudos, na formação. Nos formamos juntos. Íamos crescendo e o nosso amor também. O potencial dessa relação era lindo, todos víamos como eramos um casal feliz.

Fomos crescendo e começaram a olhar mais pra Rose. Aos poucos o assedio dos outros homens foi ficando enorme, mas eu nunca iria desconfiar dela. Eu cresci com a minha namoranda, conhecia a cabeça dela, o carater, Rose jamais iria me trair!

Confiança é uma coisa incrível. Faz você fechar os olhos e não perceber as coisas ao seu redor. Meu amor por ela só crescia, e Rose vivia dizendo que "não, meu amor. eu faço qualquer coisa por você, nunca iria te trair, virar as costas pra você". Ouvir o que se quer da mulher que se ama. Essa equação te faz esquecer qualquer desconfiança.

Por longos 6 meses Rose tinha a necessidade de provar o seu amor todo dia, falando cada vez mais que me amava e que nunca iria me trair.

Um belo dia abro o jornal e vejo uma foto da minha namorada com outro. SE CASANDO!
Rose, a minha Rose, que eu tanto conhecia... estava de caso com um empresário rica da europa. Seis longos meses me enganando. "não, meu amor. eu nunca vou te deixar..."

E assim Rose se foi. E eu fiquei aqui, sozinho, remoendo a dor. Cada notícia da minha ex me machucava de uma maneira que não acreditava. Depois de um tempo o que era tristeza se transformou em ódio. Só de ouvir falar na Rose a minha pele já arrepiava e meus olhos saltavam fogo.

Por dez anos a maldita da minha ex morou nas melhores casas da Europa. Paris, Barcelona, Milão, o MUNDO estava aos seus pés. E eu aqui, morando no mesmo bairro de sempre, acompanhando as notícias. Depois de aproveitar a vida, obviamente, o velho rico empresário se cansou de Rose. Ela já não era tão jovem assim, tão bonita, tão talentosa, não chamava atenção. Claro que o empresário iria se cansar dela.

Quando menos espero, eu que já tinha superado, recebo a notícia: Rose quer voltar ao Brasil. "Só o que me faltava. Agora essa mulher vai voltar". Rose cansada, vivendo das sobras do dinheiro que tinha, sem ambições, com o rosto enrugado, a pele secando, o peito caindo... iria voltar pro Brasil!

Se oferecendo, me ligando, fazendo juras de amor que eu acreditei há 10 anos atrás. As mesmas juras de amor! "Você significa muito para mim, eu sempre te amei. mesmo de longe sempre pensava em você, em nós dois". Pra quem não ama é sempre é muito fácil falar que ama, não se tem nada a perder.

O que posso falar é que a honra de um homem não se compra. Não me importa se Rose foi o maior amor da minha vida, não me importa se ela era linda, não me importa nada que ela diga.

Eu não tenho vocação pra corno, eu não posso aceitar de volta a quem me fez tão mal. Aceitar a Rose de volta agora seria jogar no lixo tudo o que passei por longos dez anos, como se nada tivesse acontecido. Não é assim que se apaga uma dor. Tem que se bater de frente e eliminar da sua vida.

Eu eliminei Rose da minha vida. Só espero que ela não me engane de novo.

E assim é o Grêmio com o Ronaldinho. A honra de um clube não se compra. O Grêmio é muito maior que esse safado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tenho uma teoria: mulher feia X mulher bonita

Claro que a vida e o amor não se resumem a beleza, mas, como já dizia o Poeta "beleza é fundamental".

Mas será que a mulher bonita te faz feliz?

Tenho uma teoria de boteco sobre.

Bonita é a mulher feia, que acredita nos homens.

A mulher feia sabe que o homem pra estar com ele precisa ter muito mais vontade, que a coisa não flui só pelo tesão. Ela nunca sabe quando terá um próximo cara apaixonado por ela, agarra cada oportunidade como se fosse a última, se entrega ao amor, dá a cara a tapa, sempre tenta encontrar a parte boa dos seus pretendentes. Ela não tem grandes traumas passados, não tem ex namorados maravilhosos pra gerar ciúmes, não estão acabadas de tanto sofrer. Elas simplesmente não encontraram alguém pra compartilhar a vida. Resumindo, a mulher feia se entrega de coração aos seus sentimentos, mesmo podendo estar errada, ela tem que se dar ao luxo de tentar.

A mulher bonita não, pelo contrário. Mesmo que ela acredite que tu seja o homem ideal, ela não vai se abrir. Desde cedo são vítimas dos homens escrotos que- com razão- vão se aproveitando da beleza delas e matando aos poucos o que existe de bonito dessas pessoas. A mulher bonita geralmente já está estragada por dentro, traumatizada, com 30 ex namorados pra contar histórias mais legais que as tuas e, o pior, os ex namorados são mais bonitos que você. A mulher bonita sempre vai procurar pelos teus defeitos, ela sabe que pode te jogar fora a qualquer momento, ela não precisa de você pra nada. Quando ela quiser terá outros 10 caras prontos para deitar com ela. Resumindo: a mulher bonita não quer você, nunca. Ela não vai precisar do teu carinho, ela não vai acreditar que você não quer só comer e jogá-la na enorme estante do amor.

A mulher feia vai beber contigo no bar, a mulher bonita vai impressionar teus amigos idiotas.

Claro que a "Carminha" não é a mulher ideal para levar naquele jantar de natal da família ou na festa de fim de ano da empresa, claro que as histórias dos seus amigos com as mulheres lindas (e estragadas) deles serão mais emocionantes, mas o amor é assim, você perde de um lado pra ganhar de outro.

Dentro de casa - onde as feias são as rainhas - ela te fará mais feliz.

Mas isso é só uma teoria de boteco, não precisa fazer sentido.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eu tenho uma história com o Renato e vou contar

2005. Praia de Ipanema.

Eu morava no Rio de Janeiro na época, na praia do Leblon. Estava eu passeando por Ipanema quando vejo um movimento grande. Parei para ver.

Era uma partida de futebol entre Renato e Edmundo, com outros não jogadores.

Obviamente, parei para ver e apreciar. Era o Renato na minha frente, o homem que nos deu o mundo!

Apesar disso tudo, não imaginava o que viria.

A todo momento o Reanto era chamado pelos amigos de "Gremista". Era assim que o chamavam. Quando o time do Renato perdeu uma partida, o companheiro do Edmundo gritou "Toma Gremista, tá pior que seu time na segunda divisão, hein..." e o Renato gritando "eu sou imortal que nem o meu Grêmio. Eu amo o MEU Grêmio em qualquer divisão"

Isso sem imprensa, sem torcida, sem alguém perguntar, sem nada. Por livre e espontâneo amor. EU VI E OUVI, na minha frente.

Depois disso entendi que o Renato foi profissional durante toda a sua carreia. Assim como um homem que se casa com a mulher que não ama, mas chora a vida inteira pelo amor da juventude.

O Renato É o Grêmio. É uma das poucas demonstrações de amor a camisa.

O homem que nos deu o mundo nos devolverá a identidade, a honra, a CAMISA GREMISTA.

BEM VINDO A TUA CASA, RENATO! Todos nós te amamos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Viver é ficar cada vez mais velho

Tico. Escritor frustrado, meia idade, cinéfilo, solteiro convicto, mulherengo, pai de uma menina adolescente, publicitário. Boa aparência.

Lucas. Advogado, bem sucedido, apaixonado pela família, meia idade, politicamente correto, flamenguista fanático. Colecionador de figurinhas. Gordo.

Estudaram juntos na faculdade.

Cena 1 –

Interior – Bar do Bahia – Noturna – Bar praticamente vazio

Linha de ação –

Mesa de bar – boteco de rua – mesa com cerveja e dois copos pela metade - dois amigos de meia idade

Lucas esperando na mesa sozinho. Olhando aflito para o relógio. Bebendo uma cerveja.

Tico chega. Atrasado. Senta-se à mesa.

- Lucas

Rapaz, mas você não consegue ser pontual nunca. Incrível como os teus clientes suportam isso.

- Tico

Meus clientes não são presidiários como os seus. Eles sabem que tem todo o tempo do mundo para viver. Não são 10 minutos a mais ou a menos que vão mudar o seu destino.

- Lucas

Como se os publicitários também não fossem como os advogados de porta-de-cadeia. A diferença é que nós damos liberdade pras pessoas e vocês só prendem mais elas. Prendem na cadeia consumista e mentirosa que vocês mesmos criam. Vocês criam presidiários sociais. Nós os colocamos na rua para pessoas como você os destruírem.

- Tico

Cada um ganha para fazer o que sabe. O meu trabalho é uma enganação, mas o seu também. Ninguém é inocente quando se coloca dinheiro no meio. O meu objetivo é vender e o seu é vencer.

- Lucas

Pois é, meu amigo. Somos podres. Às vezes me pergunto quando foi o momento em que chegamos à esse ponto.

- Tico

O meu eu não sei. Mas o teu foi quando se casou, certamente.

- Lucas

Não concordo. Mas acho que o que une a sociedade e nos faz um pouco mais feliz é o álcool. Um brinde a cerveja, que nos faz esquecer de como realmente somos.

- Tico

Isso daria um ótimo comercial para TV. Um dia vou usar, pode apostar.

- Lucas

Vai ganhar dinheiro em cima de mim, da minha frustração. Nada mais publicitário que isso.

(Nesse momento passa uma menina de uns 19/21 anos do lado da mesa deles. Param de falar para reparar nas formas da jovem)

terça-feira, 11 de maio de 2010

Os melhores comerciais para a Copa 2010 no mundo

Argentina - o melhor comercial de todos


Chile


Holanda
- Maravilhoso também


África do Sul - Os anfitrões


Argélia - sim, eles também fazem publicidade, óbvio


Inglaterra
- Two World War and One world Cup




Uruguai - emocionante também


Estados Unidos - sim, eles ligam para Futebol! ( Com Bono Vox)


Brasil


Espanha
- A campeã da Europa quer ser do mundo inteiro

terça-feira, 20 de abril de 2010

OK GO! e a revolução na internet

Quase todo mundo lembra da banda OK GO! como 'aquela banda do Youtube' e...sim, a OK GO! nunca havia feito sucesso antes de começar uma pequena revolução nos videos.

Como qualquer banda sem fama e sem dinheiro, eles tiveram que inventar alguma forma de fazer um bom video com quase nenhuma verba. Hora de apelar para a criatividade.

Foi então que surgiu A million Ways. Uma câmera, quatro caras dançando perfeitamente desajeitados e um video de 3 minutos sem cortes. Sucesso mundial.

OK Go - A Million Ways from OK Go on Vimeo.

Depois veio o auge, a revolução.

Here it Goes again veio para dividir a história do videoclipe ao meio. Antes e depois do "clipe da esteira". Ainda sem dinheiro e com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, os quatro caras inventaram uma dança nas esteiras como nunca havia sido vista antes. O mundo todo encantado. Centenas de milhões de views.

OK Go - Here It Goes Again from OK Go on Vimeo.

E agora a banda provou que não vai parar de surpreender. Com um pouco mais de produção e dinheiro, lançou This Too Shall Pass que é um efeito dominó impressionante de tirar o fôlego como nunca havia sido visto antes em um videoclipe.

OK Go from Ana de la Fuente on Vimeo.

O som da banda? Diante de tanta personalidade e qualidade dos vídeos pouco importa, mas é parecido com Weezer e Sonic Youth. Mas o que conquistou o mundo foi a criatividade desses quatro garotos que mostraram que na internet não se precisa de dinheiro para fazer sucesso e sim de ideias.

Aula de arte em videoclipe pop

A banda 'meio francesa meio americana'Hold Your Horses lançou um clipe de 70 million e ele que está dando o que falar.

Com uma proposta completamente diferente, a ideia desses caras era a de passar cultura através de um videoclipe pop, contando a história da arte com suas peças mais simbólicas.

Para isso eles representaram com muito humor e criatividade várias obras de arte e rechearam o clipe com referências clássicas, o clipe começa, por exemplo, durante a Santa ceia.

Van Gogh, Michelangelo,Picasso, Warhol, Frida Kalo...e muitos outros artistas.

O clipe chega a ser impressionante. Vale a pena ver!

Graffiti Stop Motion

Incrível o stop-motion da dupla Tant e Unga, do Broken Fingaz Crew, coletivo de Israel que grafita as ruas do país.

Broken Fingaz -Graffiti Stop Motion from Broken Fingaz on Vimeo.

Para conhecer mais trabalhos deles é só passar no brokenfingaz.com e ver várias fotos e vídeos das intervenções que eles já fizeram. Vale a pena.

Iphone voice band - uma banda em seu bolso

A Apple mudou todos os conceitos anteriores sobre celulares e seus aplicativos. O que antes era um meio de se telefonar para outras pessoas se tornou um campo infinito de possibilidades e de experimentos incríveis.

Um aplicativo genial que eles lançaram ultimamente foi o Iphone Voice Band, em que se pode recriar o clássico que você quiser ou então fazer sua própria música através só dos sons que você faz no Iphone.

E o resultado é idêntico ao original, já que ele transforma as notas musicais da sua voz em sons de instrumentos.

Você canta e ele transforma em música. É uma banda inteira que você leva no bolso.

Kids, o hit clássico da banda nova-iorquina MGMT, por exemplo, ficou igualzinho.

Quer comparar?

O clipe de Kids


E o vídeo com o Iphone Voice Band


Márcio Marinho para @neotix

A poesia da chuva paulistana

Retirado do projeto Cinema de Rua, um vídeo que mostra que até a chuva que cai em São Paulo e transforma a cidade em um caos - e nós, na Berrini, sabemos bem disso - pode ser vista de uma outra forma.

A beleza está nos olhos de quem vê. E aqui nós enxergamos tudo de uma maneira diferente.

A Chuva de Ontem from Cinema de Rua on Vimeo.


Márcio Marinho para a @Neotix

Chroma Key nas ruas de Sampa

Não é na Avenida Ipiranga com a São João, mas mesmo assim um enorme muro verde promete mexer com o coração de quem cruza outra avenida, a Brasil com a Rebouças.

A construção é parte da ação para divulgar o projeto Faça Cinema você mesmo, que também faz outras projeções em arranha-céus pela cidade.

O vídeo faz parte do projeto Cinema de rua, que tenta traduzir o que é São Paulo através de vídeos. A ideia é fazer 30 filmes em um mês e são todos assim. Lindos.

Fica aqui a dica também para o site Cinema de Rua e para ver outros tantos vídeos lindos sobre São Paulo.

E para enteder o que o chroma key pode causar como intervenção urbana só vendo o filme mesmo para acreditar

Vídeo Grafite from Cinema de Rua on Vimeo.



@Chicocabron

Scarface para crianças

Geralmente criancinhas encenam no teatrinho de fim de ano do colegio coisas como contos de fadas, princesas, Harry Potter e astronautas.

Mas algum professor americano de mente doentia resolveu fazer a peça com o filme ScarFace. Sim, o clássico de Brian de Palma que conta a saga de um imigrante cubano no seu sonho americano de viver no luxo a base de tráfico de drogas e de assassinatos.

Roteiro ideal para criancinhas NÃO atuarem, não é mesmo?! Mas reparem que na peça o Tony Montana é traficante de 'pipocas'.

Não deixa de ser hilário ver o 'pequeno Al Pacino'. O gurizinho é ótimo ator!

Curioso, no mínimo:



@Neotix

Como eram os sites antigamente

Nós sabemos bem a dificuldade e a delícia que é botar um ótimo site no ar. E nós já fizemos vários.

Mas vocês lembram como eram os sites antigamente? Eram muito 'diferentes', no mínimo.

Vocês imaginam hoje em dia o site do portal Uol desse jeito?

Até o todo poderoso Google tinha uma cara 'estranha'.

O Cadê - o site de busca mais usado pelos brasileiros na década de 90 - não era muito discreto.

A Folha de São Paulo também tinha um site meio confuso na época
Se você se interessa pela história da internet e quer ver mais sites de antigamente, é só entrar no Internet Archive, que tem um arquivo imenso do que a web já foi um dia. É um site para ficar horas navegando e se divertindo em ver como foi o início da internet.

@Neotix

Dica do dia na Neotix - Pianista no ChatRoulette

Hoje o Tales Simon, da equipe de animação/3D, mandou um vídeo de uma brincadeira que rolou no ChatRoulette essa semana.

Pra quem não sabe, o ChatRoulette é um site em que pessoas do mundo inteiro se conectam através de webcams. Você vê pessoas aleatórios de qualquer lugar e pode trocar o seu "alvo" apertando em Next.

É sempre uma surpresa. Nunca se sabe o que você vai ver. Mas um maluco dos Estados Unidos resolveu inovar e de uma maneira muito legal.

Com um piano, ele improvisa para cada pessoa que aparece na sua tela. É muito engraçado ver a reação das pessoas ao perceber que ele toca bem e ao ouvir as suas rimas.

Vale a pena assistir!



Se quiser se aventurar: ChatRoulette

Twitter @Neotix

terça-feira, 16 de março de 2010

Minha ex-namorada é uma guerreira!

Todo cara tem uma história assim pra contar.

Lá pelos meus 18 anos morava em um cidade do interior, não tinha muita opção de lazer e nem de mulheres. A minha situação era difícil, não ganhava muitas. Me conformava com o que aparecia.

Então vim pra capital e o nível mudou. O nível da cidade, mas as minhas conquistas adolescentes continuavam medianas.

Comecei a namorar com a Julia, menina inteligente, ótima em português e matemática, ia na igreja todo domingo, se esforçava, trabalhava de dia e estudava a noite. Era uma guerreira.

Só que a Julia era feia. E, convenhamos, nenhum homem namora feliz uma guria feia. A gente só se acomoda, se acostuma e vai levando.

Passeávamos no shopping de mão dadas e por vezes eu olhava para o lado, via uma guria de saia passando, os decotes, o cabelo, tudo me parecia muito mais gostoso. Meus amigos comentavam que a Julia era uma menina esforçada, mas era feia. Eu ouvia, mas preferia continuar com ela. Ela era uma guerreira!
Meu orgulho não me deixava perceber que meus amigos estavam certos. as namoradas dos outros eram muito mais bonitas, só que não via.

Até que um dia terminei com a coitada da Julinha. Ela chorou tanto, ficou mal. Mas eu, no fundo, sabia que daqui a pouco estaria com coisa melhor. Melhor até que as namoradas dos meus amigos.

Ser esforçada não basta pra ser uma ótima namorada.

Eu queria mais que isso, só assim seria feliz.

Isso é pra dizer que não adianta o Ferdinando ser um guerreiro, o Adilson ser esforçado. Não iremos pra lugar nenhum com jogadores limitados assim. Precisamos de um BOM volante. Só isso.

Quando chegar a hora do "vamos ver", a hora de passear pelo shopping, a hora do Brasileirão, os nossos rivais vão olhar pra dentro de campo e vão falar " Olha só o Grêmio, tem dois volantes tão guerreiros, tão esforçados..." e vão passar a máquina em nós com os seus volantes muito melhores que os nossos, com volantes que sabem jogar e não são apenas "esforçados".

Para ser feliz é preciso querer mais. Ferdinando e Adilson são a Julinha da vida do Grêmio.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Superguidis: O grande nome pra 2010

Guided by Guidis

Este será o ano do Superguidis. Dito isso, explico que escrevo, principalmente, estimulado pela leitura de um texto de Carlos Pinduca, vocalista e compositor do Prot(o), a melhor banda de Brasília depois de Legião Urbana, na minha modesta e convicta opinião. Em ‘A encruzilhada dos Guidis’, publicado no blog do músico e na seção de colunas de Senhor F, Pinduca analisa o novo single da banda gaúcha e aponta três possíveis caminhos a serem seguidos pelos guris de Guaíba.

Peço desculpas se minha análise for superficial, mas o texto de Pinduca parece dizer, resumidamente, que resta à banda ou o fim, devido à falta de um reconhecimento mais amplo; ou uma adaptação estética para se inserir em um esquema maior e, assim, garantir o sustento da carreira; ou – e esta é uma possibilidade na qual o autor não parece acreditar muito – seguir um caminho lento, de consolidação da carreira por meio da força de sua obra.

Escrevo agora porque acredito que a terceira opção não só será aquela que os Guidis irão seguir como, acrescento, acho que eles já a realizaram. Daqui a alguns dias, poderemos todos ouvir o terceiro (terceiro!) disco de uma banda formada em 2003. Eu, por causa da posição privilegiada de integrante do selo Senhor F Discos, já tive a oportunidade de ouvir o CD e estou certo de uma coisa: 2010 vai consolidar o Superguidis como uma das bandas mais importantes do meio independente brasileiro.

O que quero dizer com isso? Na prática, que eles terão um público maior do que já possuem; darão uma razoável garantia aos produtores de shows e festivais de que, ao serem contratados, garantirão um público considerável; e, consequentemente, poderão cobrar um cachê legal para tocar Brasil afora. Ou seja, não digo que os Guidis se transformarão em uma banda do nível comercial de... sei lá, Pitty ou Skank. Mas acho que eles atingirão um patamar de nome de destaque na cena independente, o que não é pouco. Aliás, hoje em dia, é tudo.

E o melhor é que isso, no caso dos Guidis, tem tudo para ser o começo de uma fase brilhante e ascendente. Porque o garoto (ou garota) desavisado que for capturado pelas músicas do terceiro disco vai poder ir atrás e descobrir uma banda que já compôs obras assustadoramente sintonizadas – emocionalmente e socialmente – com a juventude brasileira do fim da primeira década do século 21.

Se estou errado, me diga qual banda compôs algo como ‘Mais um dia de cão’ (a realidade de um jovem de classe média baixa que sabe o peso de correr atrás da sobrevivência), ‘Spiral arco-íris’ (um momento terno e apaixonado, lindamente cotidiano, desse mesmo jovem ao presentear alguém de quem gosta com um simples presente de camelô), ‘Discos arranhados’ (cujo verso “Sem dinheiro é foda à beça, você e eu” já diz tudo) etc. etc. etc.?

Isso e muito mais está à espera do público que se apaixonar pela guitarra furiosa de ‘Não fosse o bom humor’ e pela combinação de grunge com a poesia cotidiana que remete ao Renato Russo de ‘O descobrimento do Brasil’ que é ‘Não saio desse lugar’. Sem falar do refrão grudento de ‘As camisetas’ (“Por que será que sempre chove toda vez que alguém te abandona?”), que deve garantir muitos novos fãs à banda.

Justamente por já ter mostrado consistência roqueira e poética em três discos, os Guidis vão firmar definitivamente seu espaço no independente brasileiro. E, a partir daí, mostrar, pra quem ainda não conhece e pra quem ainda não percebeu, o quanto são (desculpem o termo pouco elaborado) fodas. O que virá depois disso ninguém sabe. E é porque hoje em dia não dá mesmo pra saber como as coisas serão. Mas dá pra dizer que elas serão como o caminho que os Guidis vão trilhar. Seja qual for. Seremos Guided by Guidis. Essa é minha aposta.

Artigo de Beto Só, cantor e compositor brasiliense, também do selo Senhor F Discos, publicado em seu blog e no site Senhor F.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Analisando o desmaio do Batista

Como analisariam o desmaio do Batista?



PAULO BRITO - "Mas que baita porre, heinhoooo Batista?"

PRESIDENTE DO GREMIO - "O Batista desmaiou na hora certa, no momento que dá pra desmaiar, nessa fase do gauchão, além do mais o Gremio era melhor quando o Batista desmaiou, faltava só o gol."

LULA - "Nunca antes na história desse país, um comentarista desmaiou ao vivo"

PAULO SANTANNA - "O Batista não é fumante"

LASIER - "Perderei meu posto no youtube"

PEDRO BIAL - "Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor." Com 56% vem desmaiar aqui fora, Batista.

ZAGALLO - "Aí, sim. Fomos surpreendidos novamente"

TITE - Para o Batista, faltou o E-QUI-LÍ-BRI-O!!!

CORNETEIRO - "Batista sempre foi cai cai"

LEANDRO VUADEN - "levanta que nao foi nada....vai joga!!!"

CLEBER MACHADO - "O Batista teve um mal súbito? Não sei. Sempre foi um jogador cai cai ? Talvez. Isso manchou sua imagem como comentarista? Pode ser que sim,... ou não.

ROMÁRIO - "O Batista desmaiado é um poeta"

Neto - "Po aí os cara tão de brincadeira Luciano...vai ficarrrrr caindo no meio da transmissão..é brincadeira"

SILAS - "OREMOS para que o Batista não volte a cair."

PVC - "Esse desmaio lembrou muito aquele do Zé das Couve na TV Tupi em 1967"

OBINO - "O vídeo do desmaio do Batista já está no nosso site, que por sinal é um dos melhores sites do mundo"

FERNANDO CALAZANS - "Antigamente não tinham esses desmaios assim no futebol, não. Era tudo mais bonito: os comentaristas desmaiavam com classe."

Muricy - "Porra, o que o Batista tá pensando, Caralho!"

Joel Santana - "His aies go tu the left, to rite and tu behaind e he go dawn"

Pelé - "Batista, fale com o seu médico... eu, falaria"

Jardel - "Desmaio é desmaio e vice-versa!"

Dinho - " Se o Batista desmaiasse na minha frente eu quebrava ele"

FAUSTÃO - "Ô lôco meu! O cara desmaiou com a cara na prancheta. Não não, perae. Roda de novo essa ae. Não ta no ponto ainda? Quinze pras oito da noite, o cunhado chegou 9 horas, almoçou, tomou toda cerveja, mandou fazer pipoca de tarde e não foi embora ainda."

Felipão - "Tá calor, tá...quente. Todo mundo ta vendo. E o Batista não toma UM copa da água? Cade a malandragem? Será que o Batista não aprendeu...NADA na vida?"

Humberto gessinger - "Daqui a 20 anos vão dizer que o comentarista desmaiou e morreu. É inacreditável...só o Batista nos proporciona momentos como esses."

Wianey - "Pra mim o Batista é o novo Ronaldo Fenômeno..sua atuação no desmaio lembrou mto o ataque epilético do Ronaldo em 98"

Ana Maria Braga - "Acordaa Menina, Acorda Menino, Acordaa Batista "

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A única entrevista de Julinho da Adelaide

O samba duplex e pragmático de
Julinho da Adelaide



Nos bares do Rio de Janeiro, nas praias badaladas, na favela da Rocinha e mesmo na casa de alguns milionários e ainda em algumas delegacias de polícia, Julio Cesar Botelho de Oliveira talvez não seja muito conhecido. Mas Julinho da Adelaide é figura das mais notórias, simpáticas e comentadas do momento. Não se admite mais uma festa ou rodada de samba sem a presença de Julinho da Adelaide.

Seu nome passou das crônicas policiais para as sociais quando cantores famosos começaram a se interessar pelo seu samba. Chico Buarque gravou Jorge Maravilha, o MPB-4, O milagre e Nara Leão deverá gravar uma música nova.

Como começou a ficar conhecido em São Paulo, esteve aqui no começo da semana para tentar mostrar o seu trabalho nas casas de samba. Não lhe deram muita chance. Três dias depois encontrei em cima da minha mesa um bilhete assinado por Julinho e que terminava assim: "e como a barra não está dando por aqui, eu e Leonel vamos amanhã para Portugal. Parece que a barra lá tá melhor pru meu samba". Junto ao bilhete a fotografia de sua mãe, nos áureos tempos do Orfeu Negro, no Teatro Municipal do Rio.

Julinho da Adelaide - Eu não estou acostumado com o clima de São Paulo. Devo dizer que esta é a segunda vez que venho. A primeira vez faz muito tempo, foi na época dos festivais. Inclusive, tenho um fato interessante para contar: eu estava na platéia quando o Sergio Ricardo jogou aquele violão. Acertou aqui, ó.

Mário Prata - Esta cicatriz é do violão?

JA - É. Inclusive eu pedi para não fotografar, por isso.

MP - Mas são duas cicatrizes.

Chico Buarque - É que pegou o cabo aqui e a caixa aqui deste outro lado. Eu tenho a pele quelóide, entende?

MP - Quer dizer que você é um sujeito marcado pela música popular brasileira?

JA - Sou. Foi aí que eu despertei para a música, inclusive. Eu não tinha ainda muita vocação musical. Quer dizer, eu já tinha feito a letra do Juca que o Chico Buarque de Hollanda gravou. Juca foi autuado em flagrante, como meliante, lembra? Foi um caso que aconteceu comigo. Mas foi no festival mesmo que eu despertei. Eu vim de ônibus.

MP - Nesta época, você ainda não estava nem pensando em construir casa na Gávea, não é?

JA - Não, isto é um pouco de confusão que estão fazendo. Quem está construindo é meu irmão, o Leonel. Meu irmão é procurador.

MP - E esta segunda vinda a São Paulo? Você está aqui profissionalmente? Eu soube que você está com três músicas novas.

JA - Três não, tenho muito mais que três, devo dizer isso. Não tenho culpa se as pessoas pedem sempre as mesmas. Em geral pedem Chama o Ladrão, Jorge Maravilha e O Milagre. Mas eu tenho muito mais músicas. Chama o Ladrão teve um problema com a Censura e O Milagre teve também. Eu queria, inclusive, aproveitar e dizer que eu não quero criar nenhum problema com a Censura, porque, através do Leonel, eu tenho um diálogo muito bom com eles, entende? O Leonel sendo meu procurador, me quebra todos os galhos em todos os sentidos.

MP - Qual a profissão do Leonel?

JA - Na carteira tá comerciário, mas ele não exerce a profissão não. Ele trabalha mais como meu procurador, tem boas relações e tal. Tem, inclusive, boas relações na polícia. Então, em relação à Censura, eu tenho esta posição: eu acho bobagem as pessoas falarem que a Censura prejudica, quando eu acho que o negócio de fazer samba, tem que se fazer muito samba. Eu faço muito samba, entende? Faço vários por dia, mesmo. O sujeito que trabalha lá, o trabalho dele é censurar música. Eu respeito muito o trabalho do cara. Quando termina o dia, perguntam: quantas músicas você censurou hoje? O meu trabalho é fazer música. Quantos sambas você fez hoje? Oito, nove. O dia que eu faço dez eu vou dormir em paz com a minha consciência. Cada um no seu ramo.

MP - Mas você realmente faz oito ou nove sambas por dia?

JA - Faço. E faço samba duplex, também.

MP - Antes de falar sobre samba duplex, por que você só foi descoberto agora? Porque só agora que estão cantando as suas músicas?

JA - Porque eu estou profissionalmente na jogada tem pouco tempo. O autor jovem é difícil, meu. Eu, por exemplo, andei em todas as fábricas e não consegui nada. É claro que minha voz não é muito boa pra cantar. Eu não sou cantor e hoje em dia todos os compositores são cantores. Eles que defendam a matéria-prima deles. Eu não posso fazer isto, então tenho que procurar as fábricas. Mas ficavam me empurrando de um cara pra outro. Um dia, na Phillips, eu acabei no Departamento Gráfico, lá no Rio. Fui de porta em porta. Cheguei até a falar com o Roberto Menescal, autor do Barquinho, conhece?

MP - E estas cicatrizes, atrapalham muito?

JA - Embora eu não seja cantor, um dia eu pretendo gravar um disco. Você vê, gente que não canta bem como o Chico Buarque, o Vinícius de Moraes, o Antonio Carlos Jobim, estão cantando. Quer dizer,a minha voz não é muito boa mas outro dia eu ouvi o disco do Nelson Cavaquinho e ele é mais rouco do que eu e gravou um disco. Eu posso ter que gravar um dia, entende? Aí a minha foto vai atrapalhar a vendagem do disco, não é? É claro que eu não vou pôr na capa a minha foto. Assim, uma destas menininhas bonitas da Rua Augusta pode comprar pensando que é um sujeito bonito e vende mais o disco, não é? Com a minha cara eu acho que vai vender menos. Então, é melhor não ter a cara do que ter a cara que eu tenho.

MP - Não vamos falar nisto.

JA - Eu fico muito nervoso quando eu falo nisto. Se quiser, tira a fotografia de costas. Ou então tira do meu irmão. O Leonel se ofereceu, inclusive, para aparecer na capa, se um dia eu fizer um disco.

MP - O Leonel está com você aqui em São Paulo?

JA - Não. Vem amanhã. Ele me mandou porque disse que leu nos jornais - ele lê muito jornal - que aqui em São Paulo tem muita casa de samba, que lá no Rio não tem. Lá só tinha uma, o Sucata, mas era um show já montado e que não podia entrar e cantar no meio. Aqui, me parece, as pessoas podem chegar e pedir a vez para cantar. Vou lá e já vou logo avisando antes para me desculparem por não ser um bom cantor. Tenho muita música para mostrar. Fiz uma chegando aqui, hoje.

MP - Você faz a música e a letra, junto?

JA - Faço tudo junto, claro. É claro que eu faço samba duplex. Quase todos os meus sambas são duplex.

"Minha mãe casou mais de uma vez, mas casou sempre"

MP - Samba duplex o que é?

JA - São sambas que você pode mudar. Este que eu fiz agora você pode mudar. É sobre o problema da meningite, porque o Leonel me avisou: vai para casa de samba, mas cuidado com a meningite. Me explicou o que era, porque eu não leio muito jornal. Aí eu fiz o samba pelo caminho que diz assim: "eu fui para São Paulo com a Judith e só saí de lá com a meningite". Eu sei que tem agora umas propagandas de vir pra São Paulo nos fins-de-semana e eu não quero prejudicar ninguém. Então, se der problema, eu mudo "eu fui para São Paulo com a meningite e só saí de lá com a Judith". Fica, inclusive, como se São Paulo tivesse curado a minha meningite. Faço também adaptações de sambas antigos. Eu tenho umas idéias para o Vinícius de Moraes, que eu admiro muito, aliás.

MP - Você conhece ele?

JA - Pessoalmente, não. Eu estou procurando um contato com ele porque eu fiz uma adaptação daquele samba dele, Formosa, conhece? Mudei pra China Nacionalista. Já estou com bastante tarimba neste negócio.

MP - Mas você diz que não lê jornal, como é este negócio de China Nacionalista?

JA - Eu leio só o que o Leonel manda. Ele já dá o serviço todo, entende? Se eu ficar o tempo todo lendo, eu acho que eu não vou poder me expressar bem. Eu sou um criador, entende?

MP - Quer dizer que o Leonel é uma figura importante na sua vida?

JA - Eu devo toda a minha carreira e minha vida a duas pessoas. A minha mãe Adelaide, a quem devo inclusive o meu nome - meu sobrenome é Oliveira, mas Oliveira todo mundo é. Então eu sou Da Adelaide. Aqui ela pode não ser muito conhecida, mas no Rio é, e muito. E devo ao Leonel que é quem me orienta agora a minha carreira.

MP - Fala um pouco da Adelaide.

JA - Adelaide foi a pessoa que me orientou a minha vida inteira.

MP - Existe um boato de que ela teria sido uma das mulheres do Vinícius.

JA - Eu não posso falar assim da minha mãe, não é? "Uma das mulheres do Vinícius", o que é isto? Em todo o caso, que ela conheceu o Vinícius, conheceu. A minha mãe é uma mulher muito honesta. Ela casou mais de uma vez, mas casou sempre, viu? Quando ela viajou para a Alemanha, ela casou com um luterano. O Leonel é luterano por causa disto. É loiro e é luterano. Ele agora alisou o cabelo e está dizendo que ele é parecido com este tal de Roberto Redford. Mas ele não é muito parecido, não. O nariz dele é igual ao da minha mãe, grossão. Ele é loiro sarará, sabe? Parecido, fisicamente, com o Ademir da Guia. Só que agora alisou o cabelo e tá achando que é artista de cinema.

MP - E a Adelaide?

JA - Mamãe esteve lá na Europa, com a Brasiliana. Ela é casada na Igreja Católica Apostólica Romana, na igreja Católica Brasileira, é casada na Igreja Luterana e tem mais uns três casamentos aí. Eu sou filho da Igreja Católica Brasileira.

MP - Do primeiro casamento?

JA - Terceiro.

MP - Se a sua mãe foi com a Brasiliana, ela é mulata mesmo?

JA - Mulata retinta, quase preta. Quase sangue puro.

MP - Mas e você com esta cor mais clara?

JA - Meu pai, que eu não cheguei a conhecer. Ele morreu pouco depois de eu nascer. O nome dele era F. Botelho. Este F. nem minha mãe sabe o que é.

MP - Ele fazia o quê?

JA - Meu pai? Meu pai trabalhava em jornal. Era copydesk, naquele tempo.

MP - Então você teve uma origem assim já um pouco cultural. Você recebeu uma certa formação.

JA - Eu sempre tive muitos livros, apesar de morar na favela. Mas eu não tenho nenhuma vergonha disto. Tem muita favela lá no Rio que é melhor que estas coisas que estão fazendo agora. Se bem que eu aluguei um cantinho pra escritório da firma que tenho com o Leonel. Eu vi até um anúncio agora, no intervalo daquela novela, o "Espigão", onde eles anunciam muito estes novos apartamentos de sala e quarto. Menor que o barraco onde me criei, entende?

MP - Quer dizer que já está pintando um dinheirinho?

JA - Diz o Leonel que sim. Eu ainda não pus a mão neste dinheiro porque o Leonel acha que não é legal pegar o dinheiro e fazer alguma coisa agora. É melhor empregar, entende? E ele empregou. Parece que o dinheiro já vai dar uns dividendos. É isso, né?

"O Chico Buarque está faturando em cima do meu nome"

MP - E aquela casa que você está fazendo lá na Barra? É com dinheiro da vendagem?

JA - Não sou eu que estou construindo. Quem comprou um terreno lá foi o Leonel e vai construir uma casa agora. Mas isto é problema dele. Ele tem os bicos por fora, além da participação nos meus lucros.

MP - Aqui em São Paulo ainda não, mas no Rio você é muito conhecido. No Degrau, no Antonio's, no Final do Leblon. Como é que se deu esta transposição da favela para as colunas sociais e de músicas? Quem é que te deu esta força?

JA - Isso eu devo ao Leonel. Ele é muito ligado ao pessoal do Rio. O Zózimo Barroso do Amaral é como se fosse irmão dele, do Jornal do Brasil. O Carlos Imperial, da revista Amiga. Ele vive me falando dos amigos dele de jornais. Tem muita gente aí que é amigo dele. Bloch, um negócio assim. Então, eles me promovem. O Leonel é um cara cem por cento. Você precisa conhecer ele.

MP - Mas mesmo assim você ainda é uma figura pouco conhecida no Brasil.

JA - Ainda sou, devo confessar isto. Confio em Deus que, com a ajuda Dele e do Leonel eu vou chegar lá.

MP - Você não seria uma criação da imprensa carioca? Como é que você vê isto?

JA - Por algum tempo eu fiquei meio magoado com isto.

MP - Seu pai foi um copydesk no Rio. Você não estaria sendo lançado pela imprensa carioca que tem penetração nacional?

JA - É claro que a imprensa carioca me ajuda muito, mas eu tenho o meu trabalho. Eu vim aqui para mostrar o meu trabalho, entende? Não é só badalação, não. Este negócio de só badalação em jornal não dá camisa a ninguém, já me dizia o Leonel. Tem que se fazer as coisas. Eu vou lançar o meu primeiro compacto duplo que vai ser gravado agora, finalmente. Eu tenho feito uma média de cinco a seis sambas por dia. Com este trabalho eu acho que vou levar um grande empurrão na minha carreira e daí por diante eu acho que todo mundo vai se interessar em gravar música do Julinho da Adelaide.

MP - Quem é que está cantando música sua, hoje, Julinho?

JA - O Chico Buarque cantou num show que ele fez no Rio. Foi muito bom porque deu dinheiro na SBAT, o Jorge Maravilha. Tem também o MPB-4 e a Nara Leão. Eu entreguei umas outras músicas aí, que eu não sei se estão cantando, pra uma porção de gente. Eu tenho vários estilos, sabe? Mandei música para o Tim Maia, para a Angela Maria. Não sei se estão cantando porque eu não tenho muito controle. O Leonel que sabe.

MP - Mas você tem realmente uma produção muito boa ou está se utilizando de nomes como Chico e MPB-4?

JA - Mas, ô cara, escuta. Você vai me desculpar, mas eu já disse que não sou cantor. Eu preciso dos cantores pra lançar meu nome, entende? O Chico Buarque eu não devo nada a ele e nem ele deve nada a mim. Ele tá faturando em cima do meu nome e eu estou faturando em cima do nome dele. Acho que isto é normal. Não acho que seja aético da minha parte, entende? Eu sou é pragmático.

MP - Aético?

JA - Parece que a origem desta palavra é luterana.

MP - Julinho, aqui em São Paulo, o pouco que se sabe de você são histórias mirabolantes. O próprio Chico falou no show dele, não sei se você sabe, que você é uma figura das crônicas policiais que passou para as crônicas sociais. O seu passado...

JA - Vou lhe explicar isto. Eu sou muito tímido, conforme você deve ter percebido, e o Leonel, com esta história dele ser procurador e sendo uma pessoa descontraída, muitas vezes ele faz coisas impensadas. E aí, quando vão perguntar o nome dele, ele diz: Julinho da Adelaide. Só porque tem procuração minha. Então, é justo que eu pague pelas coisas boas e ruins que ele faz. E olha que não acontece muita coisa ruim com ele porque ele tem relações muito boas na polícia.

"Adelaide era amiga íntima do Vinícius, do Jobim e do Oscar Niemeyer"

MP - E você já foi preso?

JA - Algumas vezes. Eu conto isto, inclusive, no samba Chama o ladrão.

MP - Na medida que você mesmo diz que é muito pragmático, este negócio de carregar o nome da mãe não é uma jogada oportunista da sua parte? Pra sensibilizar uma parte do público?

JA - Não, de maneira nenhuma. Eu me chamo Julinho da Adelaide porque todo mundo só me chama assim lá no morro. Acontece que a minha mãe é mais famosa do que eu lá no Rio. Ainda é. Minha mãe é célebre. Eu vou te contar o que ela já fez. Minha mãe estava no primeiro elenco do Orfeu Negro. Foi amiga íntima de Vinícius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Oscar Niemeyer, que fazia o cenário do Orfeu no Municipal. Do Haroldo Costa, também. Ela conheceu mais intimamente o Oscar. Tanto é que há cinco ou seis anos atrás a gente morava ali na Favela da Rocinha quando começaram a erguer o Hotel Nacional. Aquele redondo. Mamãe dizia pra mim: "Tá vendo, filho? Tá vendo, Julinho? Aquilo é homenagem do Oscar para mim." Inclusive agora botaram uma porção de homenagens na Barra. Ela lembra dele muito bem. É claro que ela está mais velha agora e não pode receber muita homenagem. Eu estou sabendo que não é homenagem do Oscar Niemeyer pra ela, mas não vou tirar esta ilusão dela, né? É bonito ela ficar pensando assim. Mamãe tem muita imaginação. Mas continuando, depois ela viajou com a Brasiliana, casou com o luterano, foi presa na fronteira do Tibet por causa de um monge, aprendeu a fazer cassulé e a feijoada branca. O feijão branco dela é conhecido lá no morro. Então todo mundo perguntava assim: qual Julinho? O Julinho da Adelaide.

MP - Mas a própria imprensa carioca está achando que você está usando o nome da sua mãe para se promover. Tanto é que o Leonel não se chama Leonel da Adelaide.

JA - Leonel Kuntis. Mas pode ser que daqui uns tempos a Adelaide passe a ser a Adelaide do Julinho. Não tenho nada contra isto.

MP - Como vai ela?

JA - Mamãe está muito bem. Fazendo aquele feijão cada vez melhor. Ela tem um quiosque. A casa dela, uma vez por semana, enche de gente.

MP - Ela é neta de escravos, não é?

JA - Neta de escravos. A mãe dela foi beneficiada pela Lei do Ventre Livre. A gente tem uma gratidão muito grande pelo José Bonifácio, o Moço.

MP - Como foi o seu primeiro contato com o Chico?

JA - EU trabalhava na Phillips. Na fábrica, lá no Alto da Boa Vista, na Phonogram, na prensagem de disco. Lá eles tinham um time que dia de sábado jogava contra os compositores, contra esta gente assim, e eu estava sempre nesta pelada e fui conhecendo o pessoal. Fiquei conhecendo o Silvio Cesar, fiquei conhecendo o Maestro Erlon Chaves, fiquei conhecendo o Paulo Sérgio Valle.

MP - Mas, como foi? Você chegou para o Chico e mostrou a música, deu uma fita, cantou para ele, como é que foi?

JA - Não, eu não falei direto com ele. Falei antes com um rapaz integrante do conjunto vocal MPB-4. Eu estava entrando na área e aquele mais baixinho, gordinho, chamado Rui, me deu uma pancada por trás e o juiz não deu pênalti. Na hora que eu estava caindo no chão ele foi legal. Me pediu desculpas. Eu aproveitei que ele tinha puxado conversa e falei: eu sou compositor. Ele não deu muita bola e ainda marcou o gol. Mas, como eu tenho amizade e o primeiro contato já estava feito, eu consegui prensar um acetato por camaradagem do pessoal da Phonogram. Este acetato tinha duas músicas, o Jorge Maravilha e Chama o Ladrão. Parece que eles gostaram, mostraram para o Chico e cada um gravou uma.

MP - O Chico tem cantado a sua música e tem dado a entender que a música é dele. Ele se refere a você como se você fosse uma figura mitológica.

JA - Não sei, rapaz. Este pessoal que tem o nome feito, pode fazer muita coisa e não adianta eu ficar aqui reclamando, entende? Como eu já disse, eu sou pragmático. Eu preciso dele e ele de mim. Então eu não vou me colocar contra ele como você está querendo. Talvez o dia que eu for mais conhecido eu faça a mesma coisa. As pessoas têm que tirar proveito do que lhe cai nas mãos, não é? O Leonel que me disse isso.

MP - Eu queria que você se definisse, já que usa tanto a expressão pragmática.

JA - Eu não sei. Pra falar a verdade, o Leonel que mandou eu dizer que eu sou pragmático. Quando perguntassem coisa mais complicada, pra dizer isto. Por exemplo: "O que você acha da Censura?" Sou pragmático. Ele falou ecumênico, também. Disse que quando me perguntassem o que eu acho de Cuba, para eu responder que sou pragmático e ecumênico. Senão eu me meteria em complicações. Mas eu não posso definir exatamente como eu sou. Eu sou pragmático, pô!

Retirado de Chicobuarque.com.br